quinta-feira, 2 de julho de 2009

O Criscão


Por Aguinaldo Valença


Longe de mim a intenção de desrespeitar ou mesmo discutir, assuntos relativos às religiões, crenças, seitas ou opiniões de quem quer que seja sobre o tema, mesmo quando tenho convicção. Respeito a todos, sem distinção. Mas, permito-me o direito, de aos sessenta e um anos de idade, na qualidade de católico e de convivência pacífica com Adventistas do Sétimo Dia, externar os meus pontos de vista sobre o assunto.

Não sou vidente, não tenho premunições, tampouco conhecimento profundo sobre a matéria. Mas diante da tantas evidências em voga na atualidade, não preciso de nenhum poder sobrenatural para enxergar que o TÃO está sendo engolido pelo CÃO.

Desde os tempos de criança, quando estudava catecismo, ouço estórias mirabolantes de todas as crendices. Umas muito penosas outras já nem tanto. Questionava algumas. Como exemplo: Natal, quando um anjo desce sobre a terra e diz:” eu vos anuncio uma grande alegria!” e essa alegria nunca chega. Continua tudo do mesmo jeito, faz dois mil anos. Os anjos restantes ficavam no céu, cantando e tocando trombetas, desejando paz aos homens de boa vontade. Os sobrantes saiam mundo a fora, pelas casas, distribuindo presentes às crianças cujos pais tinham dinheiro para comprar. Aos pobres, miseráveis e inocentes, não lhe concediam nenhum presente. Sempre se arrumava uma historia de trancoso para justificar essa falha divina. Às vezes alegavam que eles não mereciam, por conta de alguma desobediência, fosse aos pais, aos professores ou mesmo aos mais velhos. Impingiam nesses inocentes, um sentimento de culpa que não tardaria em virar revolta e cujas imprevisíveis conseqüências não demorariam. Tudo isso a custa de mentiras para sustentar uma cristandade falsa. Tamanha injustiça fazia nascer o sentimento de inveja pelo alheio, alem de criar dúvidas sobre a existência de um Deus que só agradaria aos ricos. Questionava também a quantidade de anjos a distribuir presentes pelas casas de todo o mundo. Achava que tinha anjo de mais.

Histórias desse tipo me faziam pensar e questionar a sua veracidade. Até hoje não as engulo por achar que não têm sustentação alguma.

Sofrimentos desnecessários impostos às pessoas, como justificativas de provações, também me intrigavam. Provações a que e por quê? Castigos divinos por pura vingança. Pobres sempre perseguidos pelos ricos. Ricos malvados, sanguinários, injustos por não querer dividir fortunas oriundas muitas vezes, de sacrifícios de vida etc. fatos esses nos foram ensinados, principalmente pela igreja católica que sempre pregou isso, como forma de lavar a mente pensante, quando ainda em formação. Tudo isso achava muito estranho. Acho até que havia concorrência por fortunas.

Às vezes, quando freqüento a minha igreja, - da qual eu não tenho nenhuma ripa sequer, por conta de algum casamento ou missa de defunto, atenho-me às imagens e não vejo nenhuma contente, sorrindo. Só vejo imagens tristes, chorando, com lanças cravadas no coração, coroas de espinho e outras coisas tristes que compõem o cenário do templo consagrado ao culto de alguma divindade. Pura demagogia, para melhor lavar a mente dos de boa e má fé. Observo, por conseguinte, que naquele tempo já existiam barbáries iguais ou piores das que estamos vivenciando nos dias de hoje, e. como antigamente, quase sempre quem paga é o inocente.

Do Hinduismo, passando pelo Judaísmo, o Budismo, Cristianismo, Pelas culturas Maias e Incas, sem falar nos Índios e nos povos Africanos, vemos que o mundo verte sangue todos os dias. Sangue de guerras, de genocídios, de cataclismo e de outras tantas formas violentas por obra e graça do Satanás que tenta os humanos, desde os primórdios. Hoje vivemos na era do Banditismo. Acredito até que o anjo Lúcifer já tenha conseguido dois terços dos anjos revoltosos, e não um terço apenas, como na história.

Homem de boa vontade, só se for boa vontade para si. O que se vê são pessoas cheias de ódio e rancor, ávidos por desejos espúrios, corruptos, egoístas, que roubam, matam estupram, sem se importar idade ou graus de parentesco. Pais que matam filhos, filhos que matam pais, religiões que proliferam a cada dia, cuja finalidade é tirar na marra, os parcos recursos dos miseráveis, desesperados, que acreditam em falsas promessas e milagres inverossímeis. Os meios de comunicação tomados por diversas seitas, dia e noite, promovendo uma lavagem cerebral cotidiana, nas mentes cheias de esperanças. A imperiosa globalização, por sua vez, está ruborizando as pessoas, tirando-lhes os sentimentos nobres e impingindo-lhes os sentimentos mesquinhos, onde prevalecem os vícios capitais.

O que existe hoje é Satanás. Um monte deles. É nossa mente dividida entre o Céu e o Inferno, sem saber discernir para que lado vá. Como dizia um sábio chinês, quando indagado sobre qual dos dois cachorros que brigam diariamente na nossa mente ganharia a briga, ele respondeu: o que estiver mais bem alimentado. Neste caso, o segundo está predominando.
Aliada a isso, vem na retaguarda, à famigerada política, praticando atos, através dos seus membros, que envergonham a todos de bom senso.

Preocupa-me o tipo de gente que teremos mais adiante. Qual a conduta adequada a seguir? Em quem um filho irá se espelhar daqui a bem pouco tempo? No pai que vive a custa do que lhe dão, de esmolas, ou num espertalhão que vive iludindo a sociedade com todo tipo de mentira? Acho que a criança já vai nascer com o gene tendencioso ao errado.

No meu entender, quando perceberem que nada do que lhes está sendo apregoado acontece, aconteceu e nem vai acontecer, vão lutar por uma mudança radical na sociedade político-religiosa. Em isso ocorrendo, por certo, haverá derramamento de sangue novo e de gente.

Não me incomoda o fato de ser um CRISCÃO, mas, um Criscão verdadeiro, sem demagogia, justo, sincero e honesto com o meu semelhante.